21 de junho de 2007

Fabulação e Fantasia


Ainda não havia nenhum tipo de referência, como esta neste blog. Muitos amigos blogueiros já o fizeram, e com muita propriedade, como Marli Fiorentin, blogueira entusiasta das tecnologias aplicadas à educação e adepta da boa leitura. Interessante que sempre leio estas mensagens e percebo o quanto me instigam. Mesmo assim, ainda não tinha pensado em fazer o mesmo até ler “Fabulação e Fantasia: o impacto da hipermídia no universo simbólico do leitor”, do professor do programa de Mestrado em Ciências Sociais da UFJF, Gilberto Barbosa Salgado.
“Fabulação e Fantasia” é resultado de uma pesquisa de doutoramento em Comunicação e Cultura. Apresentada no programa de pós-graduação da Escola de Comunicação da UFRJ é de fundamental importância para educadores que utilizam as tecnologias e acreditam que estas também podem ser usadas como forma de incentivo à leitura e à escrita. Os resultados apresentados comprovam que estes esforços podem ter conseqüências surpreendentes se usados com seriedade.
De acordo com Salgado "o computador e a rede não introduzem grandes malefícios ao ato da leitura, e que, ao contrário, podem mesmo potencializá-la sobremaneira.” (p. 183)
Coincidente e satisfatoriamente fiz a leitura do livro na semana do Encontro com Escritor, projeto desenvolvido semestralmente no Instituto Francisca de Souza Peixoto que envolve professores e alunos de escolas públicas de Cataguases, MG. Imaginem os incentivos que trechos como este podem oferecer a pessoas engajadas e apaixonadas por tecnologia.


“Webmasters, micreiros, hakers e estudiosos da rede tornam-se, se quiserem, leitores ainda mais preparados e eruditos, enquanto que o leitor muito desenvolvido, porém pouco preparado para o uso do computador e da rede tenderá, inexoravelmente, ao desejo do domínio destas linguagens hospedadas nas novas tecnologias." (p. 205)



Apesar da experiência de Salgado procurar absolver o computador das acusações de ser prejudicial à leitura e à escrita, ponderações sobre o fosso cultural que pode crescer entre protoalfabetizados e hiperalfabetizados, leva o leitor a refletir sobre a urgência de se promover a inclusão digital.


“a imersão daquele usuário que é pouco iniciado na linguagem informacional, e se ainda por cima for um leitor pouco criterioso, transformar-se-á, impreterivelmente, em um joguinho de videogame, com efeitos bastante sinistros: a memória tenderá a não armazenar e, sim, à disruptiva pelo acesso até o esgotamento, conquanto que a atenção, em um conjuntura ainda mais desfavorável, tenderá à dissociação. Neste caso, a rede será, para estes, uma mera curiosidade, jamais um portal para a percepção, a consciência, o pensamento e a cognição.” (p. 206)


Independente de opiniões diversas quanto ao uso do computador, recomendo a leitura do livro por todos aqueles que se interessam e se preocupam com a formação de leitores, pois como nos mostra o autor, “Se a leitura é, de fato, uma prerrogativa da humanidade, não cabe ao homem simplificá-la infantilmente ou atacá-la de forma selvagem. Pois foi a leitura que o tirou da barbárie rumo a civilização.” (p. 218)

Para adquirir o livro:
Editora UFJF
Rua Benjamin Constant, 790 – Centro
CEP 36015-400 – Juiz de Fora
Loja Virtual:
www.editora.ufjf.br


Para ler artigos do professor visite:
Núcleo de Estudos Estratégicos

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