6 de novembro de 2006

O que senti durante a visita ao Museu da Língua Portuguesa?


Desde sua inauguração sempre quis visitar o Museu da Língua Portuguesa. Ficava fascinada quando lia as reportagens e não via a hora de conhecê-lo pessoalmente. E foi o que fiz em minha última visita a São Paulo. Mesmo sem encontrar um amigo que pudesse me acompanhar entrei em um táxi e fui “matar minha vontade”. Desci do carro meio cabreira, sabe como é mineiro do interior, quando visita cidade grande, cheia de recomendações e de seus próprios medos? Demorei para encontrar a entrada, confundi o prédio e mesmo com informações precisas oferecidas pelo taxista fui parar na bilheteria do metrô quando finalmente pedi informações a um dos seguranças.
Olhei para a entrada que tinha uma fila de aproximadamente duzentas crianças e adolescentes. Desesperei-me, mas como a vontade era muita perguntei a uma senhora, que parecia uma das professoras, onde era o final da fila. Felizmente a boa mulher me disse que se estivesse sozinha poderia passar à frente.

O Museu possui três andares e a viagem começa pelo último, onde me preparei para assistir ao vídeo da história da Língua Portuguesa narrada por Fernanda Montenegro. Tal preparação também me deixou apreensiva porque o local estava repleto de adolescentes barulhentos, que meu mau humor me ajudava a prever, não me deixariam ouvir a sonora voz de nossa atriz indicada ao Oscar. Feliz engano! Assim que as luzes se apagaram e o vídeo de 10 minutos começou, as bocas continuaram abertas pelo encantamento, mas silenciosas.

Quando o vídeo terminou fomos encaminhados para outra sala, grande e escura, onde ouvimos poesias de Drummond, Fernando Pessoa, Manoel Bandeira e outros ícones da Língua Portuguesa. Enquanto as poesias eram narradas por vozes conhecidas da música e uma diversidade de artistas brasileiros, quatro projetores formavam desenhos com versos, letras e imagens humanas no teto, nas paredes e no chão. No final uma música alegre animou a galera e os mais ousados chegaram a dançar lendo as poesias que se formavam no chão.

A partir daí a viagem era livre e eu me separei da meninada acompanhada de uma nova amiga, que como eu, visitava o museu sozinha. Encontrá-la foi perfeito, pois juntas pudemos descobrir as maravilhas que se encontravam nos dois primeiros andares.
No segundo andar a tecnologia sobressaia ainda mais, o que tornou mais fascinante a visita. Todas as línguas que influenciaram o Português no Brasil tinham seu lugar de destaque. A viagem ia das línguas asiáticas ao nosso brasileiríssimo Tupi. Em meio a toda aquela parafernália tecnológica, que tanto me fascina, encontramos organizadas em uma “rodinha” uma turma de crianças ouvindo histórias, foi uma prévia do que veríamos no primeiro andar.

Em contraste com toda a modernidade dos andares superiores, no primeiro andar, encontramos o mundo de “Grande Sertão: Veredas”, obra de meu conterrâneo Guimarães Rosa. Em meio a tijolos, tonéis de água e entulhos lemos trechos deste livro. Saquinhos de terra, do próprio sertão, serviam de contrapeso para grandes páginas manuscritas em tecido e presas ao teto, que para serem lidas tinham que ser puxadas para baixo para em seguida serem devolvidas. Nada neste andar era óbvio, precisávamos usar espelhos para ler os textos dos tonéis, subir em escadas e olhar de uma lente para ler outros. Ouvimos sons típicos de animais e aves da região e gotas caíam do teto aproximando-nos das Veredas.

Foi impossível não se encantar com um lugar onde até nos banheiros podíamo ler poesia. É a tecnologia aliada à simplicidade e a criatividade promovendo a fascinação pela palavra escrita e falada.

Tendo oportunidade vale a pena se encantar!
Para saber mais visite:


http://www.estacaodaluz.org.br/
http://www.saopaulo.sp.gov.br/acoes/museu_linguaportuguesa.htm

Praça da Luz, s/nº Centro
Visitas de terça a domingo, das 10 às 18 horas

2 comentários:

Joseane Piechnicki disse...

Oi Andrea!
Suas palavras permitiram que eu também fizesse a viagem.
Obrigada!

Gládis Leal dos Santos disse...

Oi amiga,

Teu relato me fez lembrar em detalhes a visita que fiz ao Museu em junho quando estive lá e também aproveitei pra asssitir mais uma vez ao Fantasma da Ópera, ambos imperdíveis!

Beijos
Gládis