12 de agosto de 2008

Legado

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Figura sempre presente!
Quando procura sua imagem em empoeiradas gavetas, a primeira lembrança que surge é de um homem, já de meia idade, colocando a menina nos ombros para atravessar as poças de lama que as chuvas de verão causavam, para que não sujasse seus preciosos sapatinhos.
Filha mais nova e felizmente, pelo menos para ela, a quem foi dada as melhores e maiores atenções, pelo que pode ouvir das reclamações das mais velhas. Ciúmes?...Talvez! Reclamações?... Da parte dela, nenhuma. Sempre teve o aconchego do ‘colo’ nos tropeços da infância, sempre ouviu as melhores histórias contadas incansavelmente inúmeras vezes, sempre soube do valor do estudo apesar de não ter nascido em uma família familiarizada com números e letras.
Na adolescência sempre transformou os ‘grandes’ problemas da menina em risadas, ao contrário dos politicamente corretos sempre lhe pagava uma cerveja. Nunca julgou, proibiu, criticou, desfez. Sempre conversou, exemplificou, afagou, compreendeu, ajudou.
Quando teve que sair de casa para estudar, plantações de bananas foram transformadas em letras e números e ajudaram a transformar a moça bonita em moça sabida. As histórias contadas na infância foram responsáveis pelo amor da moça pelos livros. Amor duradouro, amor eterno!
Na idade adulta a levou ao altar e entregou a um homem bom, honesto e que a ama, não tanto quanto ele, claro, mas ama muito. Hoje a mulher, eterna menina, ainda não lhe deu netos e talvez nunca os dê. Talvez o homem não consiga deixar seu legado, disseminar seus genes. Apesar deste desgosto ele sabe que a menina o ama, o admira e será eternamente grata por sua contribuição em sua formação e especialmente em sua felicidade.

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